sábado, novembro 04, 2006

(In)Dependência


Como guerreiro que se preza
armaste-te como convém
na hora exacta cravaste tua lança
e ficaste ali, contemplando o espectáculo,
o teu triste espectáculo.
Bastaram alguns minutos
para o Mundo se transformar.
Tudo te pareceu, então, azul, magnífico.
Percorreste o universo do sonho
e da ilusão.
Habitaste paraísos, viajaste noutras galáxias,
criaste maravilhas e do mau fizeste bom.
Sentiste-te eufórico,
Livre, diferente, superior, magnânimo,
todos os outros seres eram inferiores.
Estavas agora no alto da tua torre
e olhavas, lá em baixo, os outros,
os anormais,
os que lutavam pela vida,
os que trabalhavam para sobreviver,
os que procuravam amar (mesmo a seres como tu),
os que até sofriam por ti.
Soltavas gargalhadas de escárnio
e perguntavas-te:
como é possível alguém viver assim?
Só que te esqueceste
(tal como das outras vezes)
que o mundo que criaste é efémero.
Quando acordaste
sentiste que, afinal, o guerreiro
apenas tinha lutado contra um moinho de vento
e que, desgraçadamente,
perdeu a batalha.
!

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