sexta-feira, novembro 10, 2006

Tic-Tac


Quedo-me no silêncio,
Ouvindo o tempo que passa,
No relógio o tic-tac,
Borboletas na vidraça.
A Primavera voltou !
Mas ela não me traz nada,
Só me faz mais desgraçado,
Por estar aqui onde estou !
Todo o mato floresce,
A erva salpica e cresce
As flores o solo beijam,
E as lagartixas rastejam !
Quedo-me no silêncio ...
Só se ouve o tic-tac !
Tenho outro tempo na mente,
O relógio anda p'ra frente,
Eu quero andar para trás !
Volto para as primaveras
Dos meus fraguedos montes,
Do belo cantar das fontes,
Giestas, papoilas florindo,
Brincando com as pedras, rindo !
Campainhas amarelas,
Lírios brancos nas janelas,
O cheiro da minha rua,
O brilho intenso da lua !
Essa 'voz' linda chamando ...
E eu, aqui, tão longe pensando ...
No ondular dos carreiros ...
E à volta dos ribeiros,
Uma ou outra libelinha.
Um estorninho, um pardal,
Fazem ninhos nos pinheiros,
Nos pinheiros
Dos carreiros
Dos ribeiros ...
Tic-tac ! Tic-Tac ! Tic ...
!

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