domingo, setembro 03, 2006

Poema de pedra

Talvez houvesse
um poema escrito no vento,
depois que nasci
e reparei em ti;
talvez as árvores
fossem azuis
e os rios
tivessem mãos enormes
com que agarravam os peixes
e os amavam,
talvez o delírio
estivesse escrito nas pedras,
à espera que o poeta o decifrasse
e viesse para as ruas
cantar das raízes do tempo
e a saudade
fosse o hino
que se põe na boca das crianças
para que o futuro seja mesmo,
talvez,
quem sabe,
uma lágrima se tivesse soltado
dos meus olhos mendigos
e a palavra
fosse uma memória quente,
um dia nítido
talvez um dia
me percorra nas veias
uma seiva de fogo
e, então, aconteça
um poema de pedra.




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