sábado, outubro 21, 2006

Esfriando


A chuva caía,
fustigava os vidros,
tentando alertar
um corpo sem vida.
Inerte, parado,
por trás da vidraça,
não reage a nada ...
A vida desfeita,
o seu ser em nada.
Tem o olho vítreo,
alma amargurada.
Já nada lhe interessa,
está tudo tão só,
a vida de outrora
foi só pena e dó ...
Abrindo a porta
da sua mansão,
atira-se à rua,
pisando com raiva
aquele sujo chão.
Olhar desvairado,
num rosto de púrpura.
Fustigando-o o vento,
molhando-o a chuva,
já não dá por nada.
Arrasta-se a custo,
subindo a calçada.
Transita-se a medo,
no piso molhado,
continua ainda,
já com maior custo,
sobe mais um pouco,
para acabar caindo,
sem pressa na entrada ...
As horas se passam,
a noite se foi, o dia raiou ...
E aquele corpo,
esfriando, esfriando,
ali se ficou.

!

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