sexta-feira, janeiro 05, 2007

Que me julgue o vento


Que me julgue o vento
que de mim tudo sabe,
caixa dos meus segredos
ao relento murmurados.

Que me julgue
ele que nasce da boca
dos deuses
está em toda a parte,
tudo sabe.

O vento,
meu irmão infinito,
leva-me recados
com carinho
para onde
as flores
teimam em não murchar.

Ele
que me traz o teu cheiro
a feno, a erva,
a rosmaninho,
mulher virgem
que me sondas
me fecundas os sonhos.

Que me julgue
sem que deixe
de me beijar os lábios,
como outrora tu,
meu amor,
arrastada nos seus braços.
!

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