quinta-feira, julho 27, 2006

Sem temor

Sem temor, rasga-me o peito
Depois, avança como quem pressente a morte:
abraça-a longamente
e ressuscita-me.

Sonho-me onda
mas permaneço estátua.
Queria o teu riso,
o teu riso infantil,
para quebrar o mármore frio
onde não sou e adormeço.

A lua persegue-me
com os seus cristais agudos:
lugar algum me salvará do medo
e a noite
a noite cerca-me
como o pior vento.

Eu sei: há o suave arco das bailarinas,
o silêncio ondulante de um corpo em chamas
a memória da cidade ardendo.
A embriaguez irrecusável
de tudo o que é vago e pleno.

O corpo hesita:
oscila entre o abismo e a terra.
Antes de voar, só o corpo hesita.
!

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